por CLAUDIO SCHAPOCHNIK
O Brás é um tradicional bairro da área central de São Paulo, famoso pelo comércio de tecidos, roupas e acessórios – atacado e varejo. Outrora foi conhecido pela grande população de imigrantes italianos e descendentes. Foi até título e tema de livro, como o Brás, Bexiga e Barra Funda (1927), de autoria de Antônio de Alcântara Machado.
Em meus 43 anos de vida, fui apenas duas vezes ao Brás. A mais recente foi no dia 30 de julho deste ano – último dia de minhas férias. Comparando com a primeira visita, creio que o trânsito e o dinamismo só aumentaram. Comércio forte, lojas e mais lojas, comerciantes de outros bairros, de outras cidade e de outros Estados aproveitam a variedade e os preços bem competitivos e andam com sacolas pra lá e pra cá.
Esse mundaréu de gente, somado aos lojistas, precisa comer e beber, enfim, se alimentar. Então há no Brás também uma infinidade de restaurantes e bares que oferecem diversos cardápios, comida por quilo, rodízio etc.
Graças a esse dinamismo, que também trouxe outros imigrantes depois da predominância dos italianos, o Brás oferece comidas de várias origens – como a árabe.
… e os joga na panela, com o óleo bem quente, onde os bolinhos são fritos
Já tinha lido na internet sobre o “Rei do Falafel”, um estabelecimento famoso pelo falafel. Queria muito prová-lo e assim fiz nessa segunda visita ao Brás. Tive a ajude de minha querida tia, a Lea, casada com meu tio Isidoro – irmão de minha mãe, Eva. Adoro a tia Lea, sempre alegre, sempre conversa comigo e é uma cozinheira de mão cheia – de pratos iídiches, como o fenomenal cashe (que só concorre com o de minha mãe), e de sobremesas, como o pudim de leite condensado e o mousse de chocolate.
A tia Lea trabalha numa loja de roupas, na rua Oriente, há muitos e fui lá visitá-la. Lá perguntei onde ficava o “Rei do Falafel” e, a princípio, ela não sabia ou não conhecia. “Tem um aqui perto, mas acho que fechou”, ela me disse. Com toda gentileza, ela disse: “Claudio, vamos lá. Eu te acompanho. Vou te mostrar onde fica, mas acho que fechou”.
Atravessamos a rua Oriente e passamos por dentro de uma loja que também tem entrada pela rua Júlio Ribeiro. Fomos até a esquina, do lado direito dessa loja e nada. “Aqui era o falafel, Claudio”, disse a tia, apontando para um imóvel em reforma. Fomos para o outro lado, passamos em frente à Maxifour – uma produtora e importadora de produtos alimentícios libaneses – e ela exclama: “É aqui, Claudio!”.
Pronto, achamos o “Rei do Falafel”. A tia Lea tinha comentado que a loja tinha se mudado daquele imóvel e não sabia para onde tinha se estabelecido. Pois bem, ela conversou um pouco com o dono, atrás do caixa, e depois pediu para eu voltar na loja, antes de ir embora. Ok! Valeu, tia Lea!
SALÃO GRANDE
O restaurante é bem grande. À direita estão os kibes e as esfihas, dois balcões, três grills onde são assadas as carnes para o shawarma e um lugar com a penela para fritar os bolinhos de falafel. À esquerda, estão o caixa e uma série de produtos. Ao fundo, há várias mesas e o acesso à cozinha.
Pois bem, sentei bem no fundo, ao lado de vinhos, sucos e doces árabes à venda. Tive todo o restaurante ao meus olhos. Aí veio me atender o Jadilson, um simpático garçom. “Os bolinhos de falafel vocês fritam na hora?”, perguntei a ele. “Sim, tudo na hora, pois o bolinho tem de estar quente, crocante”, ele me respondeu. Adorei a resposta. Assino embaixo!
Pedi um falafel completo e um refrigerante. Reparei que nas mesas, a pimenta e a tahina estão presentes em cumbucas. Ou seja, o cliente as coloca a gosto no sanduíche. Ok.
A pimenta é ótima, bem ardida. Já a tahina achei um pouco rala, mas é boa. O bom disso é que você pode colocar “a vonts”, na expressão de meu amigo Wagner Felip (“Chico”), tratador de imagens e criador de lindas capas na Panrotas, no falafel.
Enquanto o falafel não vinha, observei o dono do “Rei do Falafel” conversar em árabe com um amigo e mais clientes entrarem na casa. Falei pouco com o dono da casa e, ao perguntar de onde ele veio, ele me disse me nasceu em Zahle, no Líbano. “O falafel aqui é semelhante ao que o senhor comia na sua cidade?”, perguntei. “Sim.”
FALAFEL ENROLADO
Enquanto o falafel era preparado, também aproveitei para fazer umas fotos da preparação. Voltei à mesa e chegou o falafel do “Rei do Falafel”. O sanduíche enrolado no pão estava quente e os bolinhos, três e bem achatados, estavam crocantes. A massa deles era bem verde – será o tempero?
Entre os vegetais havia pepino em conserva, alface, cebola e tomate. Saboreei tudo com gosto, pois estava com uma fome danada. Gostei. Tanto que pedi mais um. O mesmo preparo e mais um refrigerante gelado e com gelo no copo para acompanhar. Estava um dia muito quente!
Perguntei ao dono se o restaurante abre aos sábados. Ele disse que sim, fecha às 15h. “Mas chega bem antes, tá?”, finalizou, enfatizando que não adianta chegar 14h45, 14h30 que não vou achar muita coisa pra comer ou pra esperar um falafel. Ok!
Ao final, depois de pagar a conta, perguntei como era “obrigado” em árabe e me despedi com um “shukran”.
Cotação: muito bom
Serviço: Rei do Falafel, rua Júlio Ribeiro, 32, Brás, São Paulo-SP, tel. (11) 2292-0357.
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